“Tratamento radical”, ou pura loucura.

Hoje, depois do almoço, sentei-me no sofá à frente da televisão para a habitual pausa pós-prandial.

A televisão estava ligada e pus-me a fazer um “zapping” à procura de alguma coisa interessante para ver. Como não encontrei nenhum programa que cativasse a minha atenção, deixei-me estar a ver a TV-Globo. Àquela hora, transmitiam o JN (jornal nacional), apesar da realidade do quotidiano brasileiro não me dizer muito, não mudei de canal porque sou viciado em notícias.

E qual não foi o meu espanto quando ouço anunciar um tratamento radical (que de científico não tem nada, levando a cabo por populares) para tratar várias doenças crónicas.

Segundo a peça informativa, habitantes de uma cidade nos arredores de Jacarta, capital da Indonésia, andam a deitar-se nos carris dos comboios para tratarem a diabetes, a hipertensão arterial, e demais doenças crónicas.

Acto de pura louca ou total insanidade.

Estou absolutamente convencido que a eficácia deste tratamento resultará inevitavelmente na morte do doente.

Mesmo para nós que exercemos em países menos desenvolvidos e que volta e meia somos confrontados com tratamentos de eficácia duvidosa, ou superstições disparatadas, está notícia não deixa de surpreender.

Há com cada um!

http://g1.globo.com/planeta-bizarro/noticia/2011/08/indonesios-deitam-em-trilhos-de-trem-para-curar-doencas.html

Chuva Amiga

Ontem, caíram as primeiras gotinhas de chuva em Santiago.

Para nós cabo-verdianos, a chuva é sempre amiga e é recebida com alegria e esperança. Esperança que chova mais para que o ano agrícola possa ser bom, esperança que chova em todas as ilhas para que todos possam beneficiar, esperança que chova bem, mas que não chova de forma torrencial para que não hajam calamidades.

Em Cabo Verde, aprendemos desde muito novos a dar importância à água, atrevo-me a dizer que é a primeira lição de ecologia que aprendemos.

Eu, até hoje, tenho um certo prazer ao ver chover e ao sentir o cheiro de terra húmida.

Quando chove, sou quase sempre invadido por uma certa nostalgia. Ao ver as ruas molhadas, as pessoas a correr de um lado para o outro para se abrigarem, a água a cair dos algerozes, as poças, tudo isto me faz recordar a minha infância no plateau.

Deixo aqui um poema muito bonito da autoria de Amilcar Cabral, que claro está, fala da chuva.

REGRESSO

Mamãe Velha, venha ouvir comigo

O bater da chuva lá no seu portão.

É um bater de amigo

Que vibra dentro do meu coração

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,

Que há tanto tempo não batia assim...

Ouvi dizer que a Cidade-Velha

– a ilha toda –

Em poucos dias já virou jardim...

Dizem que o campo se cobriu de verde

Da cor mais bela porque é a cor da esperança

Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.

– É a tempestade que virou bonança...

Venha comigo, Mamãe Velha, venha

Recobre a força e chegue-se ao portão

A chuva amiga já falou mantenha

E bate dentro do meu coração!

Quem estragou a luz?

As crianças tem coisas engraçadas. Detentoras de um sentido de oportunidade muito aguçado, não são poucas as vezes que nos fazem rir.
Para a minha filha, estas férias em Cabo Verde, tem sido dias de novas experiências. Esta é uma realidade bem diferente daquela a que estava habituada.
Provavelmente, nem todas essas novas experiências tem sido assim muito agradáveis.
Há dias, estavamos em casa dos meus sogros, já era noite e tinhamos acabado de jantar. Estavamos todos sentados na sala, e aquele momento parecia o início de um agradável serão.
De repente faltou energia eléctrica. Ficamos todos às escuras e em silêncio, até que alguém se levantou para procurar uma vela.
A minha filha que estava entretida a brincar, parou o que estava a fazer e veio se juntar a nós.
Ao constatar que não só a casa estava às escuras, mas que todo o bairro estava na mais completa escuridão, virou-se para mim num tom indignado e perguntou-me:
- Quem estragou a luz? heim...

Djam Tchiga

Depois de muitos anos fora de Cabo Verde, finalmente estou de regresso.
Parti para Portugal, no longínquo ano de 1992. Passados estes anos todos, resolvi que chegara a hora de voltar.
Volto feliz porque regresso a casa.

Parabéns João Branco

No passado dia 27 de Março, dia Internacional do Teatro, o actor e encenador João Branco foi laureado com o prémio de Mérito Teatral 2010.
Nada mais justo para quem há muitos anos vem desenvolvendo um trabalho muito meritório em prol da cultura nacional, particularmente no teatro mindelense.
Muitas felicidades e que assim continue por muitos anos.

Pelo direito à saúde

Com a reforma do sistema de saúde os E.U.A. passou a ser um país mais justo.
Parabéns Presidente Obama.
http://diario.iol.pt/noticia.html?id=1149557&div_id=4073

Síndrome de Exaustão Afecta Classe Médica em Portugal

Na passada quinta-feira, o Diário de Notícias - Jornal Português – publicou uma notícia que me fez reflectir. http://dn.sapo.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=1521676.
Estudei e fiz a minha especialidade em Portugal, razão pela qual não sou alheio aos problemas que afectam os meus colegas portugueses, apesar de pretender regressar brevemente para Cabo Verde.
Sei por experiência própria que não está fácil trabalhar nos hospitais portugueses, sobretudo nas urgências.
Espero sinceramente que a Ordem dos Médicos Portuguesa e as autoridades competentes se debrucem sobre os problemas e sejam encontradas soluções para o bem de todos.